quarta-feira, 28 de julho de 2010

O Brasil está pronto para o novo Estatuto do Torcedor?

Já está valendo a lei nº 12.229/10 que serve como complemento ao Estatuto do Torcedor, criado em 2003. Entre as imposições feitas, estão a de que o torcedor que estiver “fichado”, não poderá entrar nos estádios, além de se manter distante em um raio de cinco quilômetros do local da partida.

Outra medida é que onde a capacidade de público for acima de 10 mil expectadores, sejam instaladas câmeras de segurança, para que possam identificar pessoas que estejam fazendo algum tipo de vandalismo dentro da praça esportiva.

A lei é oportuna para que famílias voltem à frequentar jogos de futebol, além de fazer com que pessoas de má indole não tragam problemas para inocentes.

Mas, o Brasil está pronto para que isso tudo aconteça?

Todos nós brasileiros temos idéia de como anda a segurança pública no país. O número de políciais é insuficiente para a demanda de assaltos, homicídios, sequestros e outras ocorrências.

Como então fazer com que “as polícias” desloquem homens e viaturas para fiscalizarem uma região tão grande como a do raio exigido? Como será feito essa abordagem? Como será a identificação? Será que isso inibirá mesmo o torcedor “fichado” de entrar nos estádios? E se ele usar uma identificação falsa? São perguntas que serão difíceis de serem respondidas na prática.

Talvez usar o modelo da Europa, onde o torcedor é obrigado a se apresentar em uma delegacia cada vez que o seu time for jogar. Mas essas delegacias teriam suporte?

E em relação às outras regiões do país, onde o futebol é quase amador?

Vamos voltar ao exemplo do Mato Grosso do Sul, onde o futebol está a anos atrás dos grandes centros do Brasil. Imaginem o Morenão, Douradão ou o Arthur Marinho em Corumbá com um sistema de segurança de primeiro mundo. Câmeras e detectores de metais? Mas falta alguma coisa... Espera aí? Onde estão os torcedores?

Como esses estádios, que vivem abandonados por suas administrações, terão condições de se adequar à essa nova exigência?

Seria mais fácil então as equipes mandarem seus jogos em locais com capacidade menor. Moreninhas em Campo Grande, estádio da LEDA em Dourados ou Chavinha em Itaporã.
Mas, esses locais estão adequados às outras medidas do Estatuto do Torcedor?

A intenção dessa nova lei imposta para termos uma Copa do Mundo bem organizada e sem violência em 2014 é válida, resta saber se teremos condições de adequarmos todo um sistema à essa nova realidade.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Com o mico na mão

Minutos após a publicação do blog sobre o novo técnico da seleção, o Fluminense decidiu não liberar o técnico Muricy Ramalho para a CBF, deixando todos que bancaram em sites, blogs (inclusive eu) e jornais com o mico na mão.
Horas depois Mano Menezes foi convidado e o presidente do Corinthians Andrés Sanches o liberou.
Mano se despediu do alvinegro com uma vitória por 3 x 1 diante do Guarani, deixando o time novamente na liderança do Campeonato Brasileiro.
Em seu lugar assume o ex-técnico do Cruzeiro Adilson Batista, que move uma ação trabalhista contra o Corinthians, na época de jogador.
Nas entrevistas, o abatimento de Muricy era visível, ao contrario de Mano Menezes que se despediu da torcida emocionado.
A primeira convocação da "era Mano" será realizada nesta segunda-feira.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Muricy, CBF e a Rede Globo


No fim da manhã de hoje (23) a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou o convite à Muricy Ramalho, para ser o novo técnico da seleção até a Copa de 2014, que será realizada no Brasil. Vários especialistas e comentaristas esportivos postaram em seus blogs ser uma boa opção para substituição de Dunga, que não conseguiu trazer o hexa para o país na Copa da África do Sul.

Muricy foi eleito por quatro vezes consecutivas o melhor comandante de clubes durante as temporadas de 2005 à 2008, treinando Internacional-RS e São Paulo, e só não foi tetra-campeão brasileiro de forma consecutiva pelo Palmeiras no ano passado, por conta do limitado elenco alviverde que liderou o campeonato por quase toda a competição e por brigas de políticas internas dentro do clube.

Nunca opinou ou se ofereceu à confederação em busca de tomar o lugar de outros treinadores, como fez Vanderlei Luxemburgo por várias vezes, durante os quatro anos que se passaram.

Agora, à frente do Fluminense e liderando o maior campeonato do país de maneira isolada, ele sabe que chegou sua vez, nesse que pode ser chamado como o mais difícil trabalho de um técnico de futebol na história de uma seleção brasileira, pela pressão interna de ter que vencer a competição em casa.

E melhor, não terá que conviver com fantasmas como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos e tantos outros que foram massacrados pela imprensa nacional durante a Copa de 2006 e que foram lembrados pela mesma, como soluções para a seleção de Dunga.

A CBF por vez pretendia um técnico de ponta para comandar a seleção brasileira, com bagagem, experiência e acima de tudo profissionalismo.

Alguém que pudesse confiar a ponto de apagar as atuações fracassadas das últimas seleções em Copas do Mundo.

Precisava também fazer as pazes de um relacionamento longo, que foi abalado durante a estadia brasileira no continente africano. Ou seja, a Rede Globo de Televisão.

A mesma que por décadas entrava e saia das concentrações como integrantes da comissão técnica. Aquela que tem todos os acessos possíveis a jogadores, treinadores, roupeiros, cozinheiros. Que se duvidar, tinha alojamento dentro da Granja Comary em Teresópolis, para acompanhar os atletas até a hora de dormir.

Como isso foi nulo durante a Copa-2010, havia de ter um jeito para que CBF e Globo selassem a paz.

E essa reaproximação começou a ser desenhada no dia 4 de julho, quando por telefone, da África do Sul, o intocável Ricardo Teixeira dispensou Dunga e toda sua comissão técnica, incluindo o “sócio” Américo Fária.

Hoje, com o anúncio do convite à Muricy, Teixeira mostrou que o episódio 2010 está superado. Entrou ao vivo durante a transmissão do Globo Esporte e disse de forma exclusiva ao repórter Érick Faria a conversa que teve com o novo técnico da seleção.

E pela “exclusividade” que deu à Globo, já da para imaginar que um dos assuntos tratados foi a volta da emissora a seu “habitat natural” ou seja, integrando a comissão técnica.

Resta saber se o “zangado” novo técnico da seleção terá paciência para responder às perguntas dos repórteres sem ofendê-los.